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terça-feira, junho 29, 2004

Bateu no fundo

Lamento desiludi-los, em particular aos prosadores que ciclicamente nos enfastiam com apreciações sobre a geografia do fundo... para em geral concluirem, com grande originalidade, que o fundo foi atingido como se a proeza lhes fosse atribuível. O fundo, esse lugar topológico, patológico e poético nunca será atingido. Os arautos da desgraça nunca conhecerão o fel do desemprego, porque a cada passada desbravam novas galerias da inépcia, da indigência e da tarouquice. Não há limite finito para o fundo em que a Nação possa resvalar, melodramática, tonta, entediada e prenha de comiseração por si própria...

sábado, junho 26, 2004

auto-estima

Fantasia, conjectura, propaganda, possibilidade? Ninguém sabe ao certo. De qualquer maneira, a imprensa indígena continua a discutir com entusiasmo a putativa escolha do primeiro-ministro para presidente da Comissão Europeia. É interessante verificar as presunções de que toda a gente, ou quase toda a gente, parte. Em primeiro lugar, nem sequer se discute que a escolha está feita. Quem não trocaria o «horror» da política portuguesa pela grande política de Bruxelas? Que bom treinador de futebol hesitaria um instante que fosse entre «o Alverca e o Manchester United»? Que terrível decisão para o dr. Barroso, agora «cruelmente» dividido entre uma brilhantíssima carreira e os pequenos problemas de um país mesquinho. Há vozes generosas que lhe dizem: «Vá, vá. Amigo não empata amigo. Aproveite a oportunidade. Nós cá nos arranjamos. Veja lá o Guterres, se ele não anda triste.» E há os desconfiados, que não conseguem acreditar em tanta sorte ou a quem a coisa cheira a propaganda. Mas só um ou dois «velhos do Restelo» não concordam que a vertiginosa ascensão de Barroso aos píncaros seria para Portugal uma honra insigne. Pensem bem: um português, nosso, completamente nosso, a «mandar» na «Europa». Que felicidade. E, ainda por cima, além da honra, ficávamos com uma «cunha». Nesta matéria, a esperteza nacional nunca duvida: se ele (o Barroso) não nos puder dar uns tostões por cima da mesa, dá por baixo da mesa. Claro que dá. Não imagino que espécie de conclusão o prof. Marcelo vai tirar deste extraordinário espectáculo de «auto-estima». Para certas pessoas, certamente mal-formadas, o primeiro-ministro devia ter publicado a semana passada o seguinte comunicado: «Não me ocorreu em momento algum abandonar as responsabilidades que livremente tomei. Por respeito pelos portugueses, pela democracia e por mim próprio.»

Vasco Pulido Valente, D.N.,26/6/04

sexta-feira, junho 11, 2004

e agora um momento sério de reflexão...

terça-feira, junho 08, 2004

tuga que dá pareceres....

um dia destes faço um post sobre esta classe de topo dos tugas dalta estirpe...

O tuga que dá pareceres é o tuga de maior estatura na estrutura social da tugalândia. O tuga parece-lhe o que for necessário parecer para a conta bancária aumentar. É um verdadeiro monumento de princípios o tuga dos pareceres.
Não participando na vida.... o tuga dos pareceres vive na sombra, por vezes os pareceres até são assinados por outros tugas, testas de ferro, porque o parecer pode parecer mal...tanto mais que se calhar contradiz o que o tuga, conjunturalmente em funções executivas, diz sobre a temática do parecer que aliás se destina por vezes a sustentar o contrário do que o tuga diz em público por forma a poder fazer o que o tuga diz em privado mas não pode parecer em parecer....confusos? pois é..... todas as promiscuidades são dificeis de não o parecer...

dos tugas em associações.... que podem bem não ser só associações de tugas.....

desde a maçonaria (nas suas multiplas grandes lojas do ocidente ao oriente das regulares às regularmente irregulares, francófonas ou escocesas)... à opus dei....à academia do bacalhau.... aos rotários...aos lioneses... às confrarias...mas em particular às associações desportivas e recreativas.... até às federações de associações e clubes desportivos e recreativos....aos sindicatos e associações e confederações de empresários.... associações de bombeiros....podemos observar o tuga baixo, médio e de alta estirpe....

o tuga filia-se nestas associações não porque partilhe dos sistemas de valores ou de práticas que elas perfilham e conduzem.... o tuga encara a sua presença nas actividades e actos sociais apenas como a jóia a pagar para aceder ao trampolim... às correntes de ar quente que permitem ascender uns degraus na escada do reconhecimento social...

uma das coisas mais divertidas é ver o tuga médio em esforço para se "integrar" com os tugas altos.... podemos reconhecê-lo, em permanente fuga do pé para a chinela, tentando comer jaquinzinhos com delicadeza, parcimónia e elegância... obrigando a mulher a vestir a gordura num vestido que lhe custou uma nota preta e em que a conjuge se sente tão à vontade como qualquer gajo que se inicie na prática do wind surf...

Mas o tuga não se "sacrifica" nestas associações filantrópicas só pelo abifamento de mais uns cobres...o que o tuga verdadeiramente deseja é o reconhecimento social...o tuga adora ser protagonista...não importa de que causa de que estratégia...o que verdadeiramente seduz o tuga é ser conhecido, para além da rua e do café onde bebe a bica....qualquer que seja a estratégia lá estão três resmas de tugas que sarificam a família e o rendimento para a protagonizarem...aliás se houver uma ausência total de estratégia o tuga ainda acha melhor...ao fim ao cabo ser protagonista de um argumento que vai sendo construido à medida dos "azeites" do tuga é a situação ideal...ora estas associações prestam-se à circulação de ofertas de ´"iniciativas" à procura de quem lhes dê um rosto...

O tuga recorrendo a uma qualquer executive digest, consegue em geral, articular um discurso coerente durante a attention span do politico tuga que se encontre circunstancialmente no poder...ou seja dez minutos...

É claro que o limite do entendimento e da sapiência do tuga sobre qualquer assunto é circunscrito precisamente a esses dez minutos , mas isso pouco importa...o politico fica impressionadíssimo com alguém que seja coerente durante esse tempo todo, o que conjugado com o facto de "ser dos nossos"....estão reunidas as duas condições são necessárias e suficientes para o tuga ser indicado para protagonista da coisa... vários ministros tugas foram escolhidos desta maneira...

to be continued...

segunda-feira, junho 07, 2004

o tuga dalta estirpe....

ora o tuga da alta, basicamente comporta-se como um tuga médio, no que concerne ao comportamento de condução de automóveis, em geral o sexo a partir da entrada no veículo desloca-se para o pé direito, e mal a chave põe o motor a roncar existe uma produção anormal de testosterona que escorre pela perna direita até ao calcanhar.... mas o tuga da alta pode produzir mais danos que o tuga médio. A audiência é normalmente maior. Podendo atingir mesmo umas centenas de infelizes funcionários que o tuga da alta, por equívoco, toma como cobaias na terapia que executa para seu próprio benefício e em que discorre longamente sobre competitividade, produtividade, posicionamentos, vectores e planos de risco, quadros de vantagens comparativas, sinergias e competências centrais e outras bacoquices do género misturando-as com coisas que leu apressadamente sobre a lei da variedade requisitada e mais coisas incompreensíveis sobre sistemas abertos e dinâmicos que ficam sempre bem. Alguns tugas da alta especializam-se mesmo no smart talk descrito mais abaixo...

Em geral o tuga de alta estirpe circula em níveis estratosféricos. Substituindo outro tuga da alta num posto de comando, a primeira coisa que o tuga faz é suspender tudo o que tinha sido iniciado pelo tuga da alta precedente. Parece existir a presunção que qualquer que tenha sido a politica anteriro ela relevava de gente aparentada com símios e executada por bovinos. O tuga da alta, substitui imediatamente os vectores de posicionamento anteriores, quaisquer que fossem, por novos posicionamentos com ou sem vectores, dependendo da formação em direito ou economia que tenha tido....

Em geral, e de qualquer modo, os vectores só existem na cabeça do tuga, pelo que cá em baixo, a rapaziada continua sempre a fazer mais ou menos a mesma coisa, nos mesmos sitios e com os mesmo equipamentos, mudando, ao sabor da consultora do momento, os nomes dos departamentos, alguns parâmetros do work flow e quando a coisa é radical são despedidos trÊs ou quatro tugas baixos. Nesta consultora, em geral há lá um amigalhaço do tuga (outro tuga da alta eventualmente colega dos tempos da faculdade, do S.João de Brito ou do clube da paróquia em que se entretinha a espreitar as cuecas das garinas...) e que paga umas comissões simpáticas por cada contrato, ou que está sempre disponível para fazer um estudo científico que comprova a necessidade de foder algum outro tuga da alta de quem o tuga amigo nem se abeira....

to be continued....

o tuga médio...

Ora o tuga médio costuma efectuar longuíssimas prelecções que tem em geral como destinatários os filhos (enquanto o aturam... e os cães), isto porque em geral a mulher do tuga, padecendo das doenças do tuga, está normalmente na simetria das bujardas do tuga... e como conhece profundamente o mamífero evita dar-lhe ouvidos, e quanto aos demais, se por acaso o tuga médio evidencia alguma iniciativa de início de prelecção, esta iniciativa, pelo risco conhecido de contágio, dá origem ao curioso fenómeno de vários tugas médios preleccionando ao mesmo tempo, furiosamente, em crescendo de decibéis, cada um dos tugas fazendo valer, nestes sonoros solilóquios, uma extraordinária bagagem de argumentos inverosímeis mas sublinhados por contracções do rosto e gestos definitivos, até que...até que em geral se produz um silêncio pesado em que cada um dos tugas se entreolha, esquecidos do assunto original, mas firmes nas convicções de entrada e de saída. Nessa altura as interjeições são de simultânea concordância, discordância e de reafirmação não importa do quê, mas e sobretudo da razão que assiste sempre ao tuga.

Mas, tudo isto vinha a propósito do tipo de opiniões que o tuga faz desaguar na cabeça dos filhos que o olham com enfado, com reverência e na esperança que alguém toque à campainha. O tuga tem do mundo uma visão mais que antropocêntrica, uma visão Eucêntrica. Contudo, como aprendeu vagamente na catequese que é pecado sair do rebanho de borregada, resolve o paradoxo, que nas mais das vezes nem sequer se dá conta, com a teoria de que se deve entrar anónimo na vida, pelo meio não levantar ondas e finalmente sair incógnito. Tudo isto claro está sob a máxima - "Nunca se ofereçam de voluntários para nada e nunca dêem nas vistas que isso só dá chatisses."

Injusto, seria deixar de mencionar a máxima intemporal dos tugas. "Filho faz o que te digo não faças o que eu faço".

to be continued....

a doença infantil do tuga....

ao contrário dos gajos saudáveis, que em mais de cinquenta por cento dos dias de manhã levantam-se e vêm reflectido no espelho da casa de banho o gajo mais inteligente do país...ou o mais atlético...ou o mais bonito.... o tuga, levanta-se e vê no espelho o único gajo inteligente da galáxia....segue impante pela autoestrada fora com a sensação de incómodo de ter de partilhar a estrada com mais uns milhares de imbecis que tiveram a desgraçada ideia de circular ao mesmo tempo que ele...por causa esse infortúnio, o tuga finta meia dúzia de camelos (na douta opinião dele) entrando em quaisquer bombas de gasolina e saindo logo a seguir, avançando deste modo dois lugares e meio na fila...mas fá-lo com a sensação que possui um qualquer misterioso direito natural inalienável e intemporal a comportar-se como um javardo... mais adiante, é detido por uma brigada da GNR acusando um vírgula qualquer coisa de alccol no sangue, fruto de uma noitada com importantes personalidades da maçonaria lá da rua dele... "inadmissível e impossível" sublinha exaltado vociferando impropérios silenciosos contra o miserável agente que ousou interpor-se entre ele e um destino mistico na condução dos elevadíssimos assuntos e encargos do país que o tuga representa, mas já confiante na cunhada do amigo que trabalha na direcção geral de viação, no parceiro de montaria que é tenente coronel, no sócio do primo que conhece um chefe de secretaria dois procuradores e seis juizes no tribunal, e finalmente, no chefe de gabinete do secretário de estado mais à mão de semear...

Chegado ao sitio onde arrasta uma vaga existência que chama trabalho, um eufemismo de desorganização e de preguiça mental, que, contudo, apresenta aos amigos conhecidos e demais desgraçados que com ele se cruzam como um esforço implacável de eficiência conduzido contra a má vontade laxismo e inépcia de todos os demais .... dizia eu, chegado ao trabalho dobra a espinha venerando e servil perante um qualquer chefe hierárquico protestando lealdades sem fim e sem conta, ao mesmo tempo que imagina o chefe vítima de três atentados terroristas simultâneos que contudo o deixam vivo, embora de membros decepados...

to be continued...

sexta-feira, junho 04, 2004

conclusão temporária....

precisamos de gajos normais....

um remédio.... pior que óleo de fígado de bacalhau...

No outro extremo estão os beatos do trabalho. Aqueles cuja visão unidimensional da vida os compele a mitigarem a surpresa da existência pela punição do desejo e da felicidade. Extremistas da intolerância arrastam atrás de si uma multidão de angustiados, culpados pela deserção dos filhos que ficam orfãos de pais ausentes, mas afluentes para iludirem com o fraco paliativo da compensação material, a dimensão afectiva que nunca chegam a conhecer. Cordeiros do sucesso que podem exibir com pudor e culpa, encontram-se eternamente condenados a um paradoxo cuja redenção é um novo flagelo de autopunição pelo trabalho sem vislumbe de satisfação. Só possuem equivalente noutros paternalistas bem intencionados. Os que olham com profundo mas mal disfarçado desprezo os pobres, desprotegidos e incapazes, sobre quem, alegadamente, exercem uma tutela protectiva que ninguém lhes solicitou nem demandou. Estes beatos da fé terrena, dirimem a angústia do bom nascimento com o nojo sobre aqueles de quem se arvoram em defensores, espartilhados entre a culpa pelo carro familiar e confortável e a casa nas avenidas novas e o paliativo da militância pela elevação de gente que é feliz ignorando quem diabo foi a Rosa Luxemburgo.

Estas duas castas conciliam uma aparência austera e mesmo de ascetas. E julgam os outros a partir da posição que ocupam o lugar mágico de Avalon...todos os demais não se lhes comparam em virtudes. Todos os demais chafurdam num pântano de iniquidades e participam em coisas promiscuas e pecaminosas. É uma posição central em todos os candidatos a inquisidor de bairro... Gente com longa tradição em Portugal, em que estes inquisidores sempre foram servidos por desinteressados delatores, não sem antes procurarem junto dos potenciais pecadores "judeus" uma compensação que se destinava a aplacar o "imperativo de consciência".... apenas em última instância e na ausência de sucesso da chantagem se violentavam na angústia da delação....

quinta-feira, junho 03, 2004

smart talk...

A especialidade do povo em apreço é o falatório. De norte a sul e nas ilhas reune-se a maior concentração planetária de fala baratos de que há memória. Não há português que não tenha opinião e que não reafirme até à exaustão a sua opinião em exercícios de auto-convencimento. Esta opinião, em geral, coincide com a ultima imbecilidade sem ciência e sem lógica, escutada de alguma autoridade certificada por qualquer junta médica de ocasião que conferiu um diploma de décima quinta categoria. Exibem grande desprezo pelo esforço sistemático de reflexão serena porque constitui um exercício insuportável pelo trabalho que envolve. Não há português que não se sinta altamente competente e qualificado para leccionar qualquer tema que seja envolvendo, preferencialmente, equações diferenciais não lineares de quarto grau. À excepção do próprio, todos os demais portugueses constituem uma raça de ignaros e incapazes, pelo que o mérito do animal, por demais homenagens e jantares de desagravo que sejam realizados, nunca é devidamente reconhecido, mormente quando outro qualquer eventual candidato é também objecto de idêntica manifestação da borregada, disponível para estes rituais de lambidelas nos sapatos a troco de pequenas compensações como um emprego de recepcionista para a filha que achou que o abecedário constituia uma provação intelectual inultrapassável.

O horror ao esforço e ao trabalho é uma caracteristica só ultrapassada pela lamúria sobre os tempos que correm e sobre o desinteresse das gerações mais novas em ler livros de de poesia peganhenta do patrono Castilho que ninguém leu ou sobre as explicações exotéricas de algum fanático das raizes perdidas nas paneleirices do Saint-Adhémar e no seu círculo secreto de templários agiotas.

Perigoso, é quando este portugueses se ocupam dos espíritos, das almas e dos neurónios dos que ainda não têm responsabilidade, e os vacinam contra a busca autónoma do saber e os desfloram com as suas sebentas, cujos bolores já são tão velhos que deles se consegue extrair antibióticos em quantidades tais que a AMI podiam fazer campanhas inteiras em África. Estes cavalheiros e cavalheiras "avaliam" do que nunca possuiram nem sabem reconhecer nem que levem no focinho com a curiosidade genuína e interessada. Limitando-se a matraquear sem entusiasmo que de ano para ano a "coisa" piora, constatando o óbvio num exercício de preocupação higiénica que ocorre no intervalo para o café antes da próxima aula sobre qualquer tema sobre o qual escreveram há décadas atrás um artigo medíocre que jaz incógnito na cave da biblioteca municipal da terra do tio Ernesto.

E depois?...O diletante de pila piquena....

Sobre alguns dos analistas e teóricos menores do arquétipo português. Que têm vergonha do avô que foi cantoneiro, e escondem que a fortuna do pai, ou lá quem seja, foi feita à pala da especulação com volfrâmio no tempo de qualquer guerra, que compraram um título de duvidosa origem, que têm nojo mal disfarçado de pézinhos de coentrada ou de caras de bacalhau, muito embora o caviar lhes dê hemerroidas. Desgostosos que nos tempos que correm qualquer sopeira ou empregada de cafetaria de bairro saiba o significado da palavra Prada. Que exibem um profundo conhecimento sobre o sofrimento de Kierkegaard, ao mesmo tempo que tentam demonstrar um profundo saber sobre o quotidiano dos suburbanos que se levantam às seis da matina num qualquer Vale de Milhaços. E, que insistem em nos iluminar o caminho que não percorrem, em que tomemos os remédios que evitam e que analisam com elegância assuntos que nunca viram nem cheiraram nem comeram mas sobre os quais se disponibilizam para fazer tratados... e cagam bastante....

Onanistas encapotados, que disfarçam a inveja lorpa pelas fortunas dos analfabetos trafulhas que tem fábricas de chanatos baratos feitos por míudos de sonhos roubados, e que no mesmo metro quadrado juntam uma louça das caldas e uma serigrafia falsa de Pomar, mas que dão o rabo por aparecer onde quer que possam ser o centro de atenções, objecto de adulações, ao mesmo tempo que fingem uma surpresa demasiado de plástico e frouxa quando alguém revela ter lido a última punheta que escorreram sem preservativo sobre a questão Coimbrã e o grupo de fariseus da loja dos rosa cruz da cova da piedade.

O ideal (ambição, sonho) deste intelectual proxeneta, que sempre viveu do Estado, mas que escarnece com azedume distante dos seus companheiros funcionários público, ou de vagas encomendas de trabalhos de escriba de fretes, é a constituição de uma corte de aduladoures serviçais, (eles próprios dispostos a assumirem o papel de Brutus à primeira oportunidade). Uma corte de jovens platónicos do trabalho honesto sobre o qual exibem um constante escárnio e desprezo. Esta corte poderá ser financiada por um qualquer industrial de curtumes que contudo deve evitar aparecer misturado com a corte, porque em geral ostentam um par de peugas brancas e um fato das confecções do homem que manifestamente lhe assenta mal porque é dois numeros abaixo...e que envolve uma gravata de desenhinhos comprada à pressa numa estação de serviço pendurada numa camisa popularucha adquirida na retrosaria ao pé da casa dos pais, indumentárias que contrastam demasiado com o chic Armani ou com o conjunto de trapos blasé criteriosamente estudado para parecer desprendido dos valores materiais...

Este intelectual, desiludido, desencantado com tudo o que é português e tudo o que é estrangeiro, e, em geral com toda a criatividade que jorra em catadupa em toda a parte, excepto das suas sinapses, que, eventualmente há muitos anos, quase matou de tédio um juri qualquer com uma tese incompreensível sobre a literatura escolástica dos membros da guilda de tecelões de Antuérpia entre 1523 e 1542, tornado-se a maior autoridade mundial numa matériaém que verdadeiramente é o único que algum dia se martirizou a tentar ler dois documentos seguidos sobre um assunto que de resto ninguém sabia que existia, e que depois de se saber todos os demais procuram obliviar...

Este intelectual tem inevitavelmente um mérito. Se por acaso e circunstância fenecer nalguma divisão da casa onde vive isolado de todo o penosos contacto com o outro... se esticar o pernil.... ninguém vai notar a não ser por eventual fuga de cheiro nauseabundo de que democraticmente padecemos todos...

to be continued....

A culpa de ter partido, a raiva de ter ficado a saudade de não voltar

Diz-se que Portugal sofre de uma doença bipolar. Maníaco - depressivo porque oscila sem realismo entre a fuga para o prognóstico de realização imperial e o soçobrar, o colapso colectivo que se afunda no desejo de regeneração que nunca é concretizado. Ora o problema parece-me ser outro. Portugal possui um povo infantilizado, eterno adolescente imberbe, cheio de angústias e crises de auto confiança. Inseguro e incapaz de largar de vista a mão do pai idealizado contra o qual se quer afirmar. Típico dos adolescentes, vive em eterna auto perscrutação, numa zona nebulosa e ambígua, ansioso sobre os desígnios a perseguir e incerto quanto às acções a executar.

Oscila entre a amargura auto punitiva do falhanço antecipado e a euforia irrealista e inebriante de um futuro radioso e grandioso. Em qualquer dos casos em termos absolutos e definitivos para além de qualquer redenção possível. Cheio de manhas e mecanismos de defesa, é ardiloso e cobarde e sente-se inferior. Cheio de sonhos de importância perene e esmagadora é arrogante e megalómano e sente-se superior. Como qualquer adolescente à procura do seu lugar no mundo e do seu papel.

É um povo de indivíduos fracos, incapazes de relacionamento de iguais, que anseiam pela validação e afago do chefe (substituto do pai que impunha a disciplina sem nexo e sem racionalidade enquanto tirava cera dos ouvidos com uma unhaca). Mas é um povo sem individualismo, porque a individualidade é apenas uma mera expressão da diferença percebida ou desejada em relação ao outro, e não base de autoconfiança e crescimento próprio. Antes pelo contrário, dependente do reconhecimento do e pelo outro, que contudo nunca é suficiente, porque é sempre relativo, pedincha constantemente atenção e carinho que depois não aceita porque é incapaz de assumir uma relação igual em que tenha de se dar também. Espera pois adulação e não emoção.

É portanto um povo eternamente à procura do pai ideal que alumie o caminho a percorrer e sempre a rejeitar qualquer pai que se afigure possível. Um povo prisioneiro, há séculos, deste paradoxo, que recusa a crescer e a assumir riscos, responsabilidades e alegrias e tristezas. Um povo que raramente experimentou a incerteza. E que se acostumou a estar naquela zona cinzenta em que se pode atribuir às circunstâncias e a terceiros a culpa original, por coisas que de outro modo poderiam ser corrigidas como parte de processos de aprendizagem e crescimento. Um povo que chafurda na lama da impotência, disfarçada pelo marialvismo e pelo misticismo barato. Consumido pela cobardia de não denunciar pela frente aquilo de que se entretêm a fazer a dissecação em voz baixa sempre lesto a condenar elaborando longuíssimos e amplos juízos de intenção e de valor. Um povo demasiado habituado a não tomar decisões e a assumir a escolha produzida. Sempre em busca de um líder/pai carismático idealizado que os exima de se maçarem a angústia do trabalho e do pensamento e a quem possam transformar em bode expiatório para a sua própria inépcia e preguiça. Um povo ignorante que se presume sabichão.

quarta-feira, junho 02, 2004

...sexo fraco.....

olha olha..como o mundo muda em tão pouco tempo...purple haze....

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