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quinta-feira, junho 03, 2004

E depois?...O diletante de pila piquena....

Sobre alguns dos analistas e teóricos menores do arquétipo português. Que têm vergonha do avô que foi cantoneiro, e escondem que a fortuna do pai, ou lá quem seja, foi feita à pala da especulação com volfrâmio no tempo de qualquer guerra, que compraram um título de duvidosa origem, que têm nojo mal disfarçado de pézinhos de coentrada ou de caras de bacalhau, muito embora o caviar lhes dê hemerroidas. Desgostosos que nos tempos que correm qualquer sopeira ou empregada de cafetaria de bairro saiba o significado da palavra Prada. Que exibem um profundo conhecimento sobre o sofrimento de Kierkegaard, ao mesmo tempo que tentam demonstrar um profundo saber sobre o quotidiano dos suburbanos que se levantam às seis da matina num qualquer Vale de Milhaços. E, que insistem em nos iluminar o caminho que não percorrem, em que tomemos os remédios que evitam e que analisam com elegância assuntos que nunca viram nem cheiraram nem comeram mas sobre os quais se disponibilizam para fazer tratados... e cagam bastante....

Onanistas encapotados, que disfarçam a inveja lorpa pelas fortunas dos analfabetos trafulhas que tem fábricas de chanatos baratos feitos por míudos de sonhos roubados, e que no mesmo metro quadrado juntam uma louça das caldas e uma serigrafia falsa de Pomar, mas que dão o rabo por aparecer onde quer que possam ser o centro de atenções, objecto de adulações, ao mesmo tempo que fingem uma surpresa demasiado de plástico e frouxa quando alguém revela ter lido a última punheta que escorreram sem preservativo sobre a questão Coimbrã e o grupo de fariseus da loja dos rosa cruz da cova da piedade.

O ideal (ambição, sonho) deste intelectual proxeneta, que sempre viveu do Estado, mas que escarnece com azedume distante dos seus companheiros funcionários público, ou de vagas encomendas de trabalhos de escriba de fretes, é a constituição de uma corte de aduladoures serviçais, (eles próprios dispostos a assumirem o papel de Brutus à primeira oportunidade). Uma corte de jovens platónicos do trabalho honesto sobre o qual exibem um constante escárnio e desprezo. Esta corte poderá ser financiada por um qualquer industrial de curtumes que contudo deve evitar aparecer misturado com a corte, porque em geral ostentam um par de peugas brancas e um fato das confecções do homem que manifestamente lhe assenta mal porque é dois numeros abaixo...e que envolve uma gravata de desenhinhos comprada à pressa numa estação de serviço pendurada numa camisa popularucha adquirida na retrosaria ao pé da casa dos pais, indumentárias que contrastam demasiado com o chic Armani ou com o conjunto de trapos blasé criteriosamente estudado para parecer desprendido dos valores materiais...

Este intelectual, desiludido, desencantado com tudo o que é português e tudo o que é estrangeiro, e, em geral com toda a criatividade que jorra em catadupa em toda a parte, excepto das suas sinapses, que, eventualmente há muitos anos, quase matou de tédio um juri qualquer com uma tese incompreensível sobre a literatura escolástica dos membros da guilda de tecelões de Antuérpia entre 1523 e 1542, tornado-se a maior autoridade mundial numa matériaém que verdadeiramente é o único que algum dia se martirizou a tentar ler dois documentos seguidos sobre um assunto que de resto ninguém sabia que existia, e que depois de se saber todos os demais procuram obliviar...

Este intelectual tem inevitavelmente um mérito. Se por acaso e circunstância fenecer nalguma divisão da casa onde vive isolado de todo o penosos contacto com o outro... se esticar o pernil.... ninguém vai notar a não ser por eventual fuga de cheiro nauseabundo de que democraticmente padecemos todos...

to be continued....

At 15/2/07 01:05, Anonymous Anónimo said...

Very cool design! Useful information. Go on! » »

 
At 19/10/07 15:55, Blogger sombra e luz said...

Um projecto tão ousado como este...
que pena eu ter chegado tantos anos mais tarde!...

 

comentários

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